22.6.10

XXX

Sob um céu de cores e tons catolicamente intensos um velho senta num vermelho.
- Existe sentido na vida? - Perguntou quase sem voz, garganta problemática provavelmente.
- Fujo dessa pergunta como o diabo foge da cruz, eu geralmente tiro e dou o sentido à vida.
- Achei que você fosse um diabo.
- Ando disfarçada.
Respondi e pensei duas vezes na conversa estranha que ele tava me propondo. E se eu realmente levasse tudo a sério? E se ele não acreditasse em mim? Eu precisava mostrar-lhe que eu não era um diabo. Eu precisava contar que ele tava conversando com o amor mas que às vezes eu tomava forma de demônio. Não era preciso se preocupar, não era preciso dor de garganta nem lágrima no olho. Eu iria lhe dar afago no fim, mas que ele esperasse. Que não me procurasse, que eu o procuraria todos os dias. E pensei tanto que calei.

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