27.2.10

Rosas

Se me dás o direito da natureza me pinto flor. Me tiro das peles e da carne vazia. Me pinto flor. Me pinto a dedo sem o medo que outrora eu trazia. Bom dia, Sol. Hoje me despeço de tudo que fui. Me entrego assim, covarde e sem escrúpulos. Bom dia, primavera. Hoje fiz amor, amor com pecado. Já não importam veias vazias, os pratos ainda sujos empilhados na pia. A janela batendo sozinha e o medo que dá. Já não há ninguém pra me dizer que é só a chuva. E se eu gripar? Levanto com as pernas trêmulas tateando as paredes a procura de apoio qualquer. Acabo de nascer. Preciso limpar esse sangue que faz arte em meu corpo.

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