8.3.10

Confusion is nothing new

"A imagem da TV distorcia a pupila e se fazia reflexo lá dentro. Ora dilatada, ora completamente contraída. Ora embaixo, ora em cima. Nara Leão e talvez Chico Buarque. Eu te olhavando assistindo àquilo tudo, imóvel.".

Um dia me apaixonei por um par de botas, e passei a segui-las por vários olhares, céus e cores. Conto-lhes, espectadores de uma história de amor qualquer, que o dono das botas logo fez-se dono da minha alma. Garotas e garotos de todas as idades, vocês gostariam de ver uma coisa estranha? Venham e verão essa nossa cidade do Halloween. As botas encontraram meus pés, o dono das botas encontrou minhas mãos trêmulas e o olhar marejado. Um corredor longo, perfeito pra apostar corridas e cair em risos no final, perfeito pra perpetuar a imagem do início de um amor. Ruas tão arborizadas quanto meu coração. Mas vós sabeis que uma história de amor precisa de uma tragédia. Eis que o dono das botas já pertencia a outros amores. Eu sinto algo no vento que soa como tragédia no ar. Um dia aprendi que as retas paralelas se encontram no infinito. Há uma equação que explica isso, é tão complicada quanto prática. Me permiti a amar em segredo. Mas o que seria aquilo naqueles olhos senão o amor? De repente, com ímpeto, floresceu-se e ele veio a tona. Viveram felizes pra sempre por muito tempo. As imagens da TV, seguidas pelas tuas retinas, são flashes vermelhos e azuis. Coisa de Godard, provavelmente. Essas coisas acontecem de repente, meninas que fogem, irmãos que se casam, amores que dão certo.

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